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A luz como protagonista: o elo entre arquitetura, saúde e bem estar

A iluminação é muito mais do que um recurso técnico ou estético. Ela é a primeira camada invisível da arquitetura e uma das mais poderosas. Na DUO, entendemos que luz é biologia aplicada ao espaço: ela regula o sono, influencia o humor, melhora a produtividade e pode transformar a maneira como você se sente dentro de casa. É por isso que, para nós, projetar com luz é projetar com intenção e ciência.  Consideramos um bom projeto luminotécnico aquele que:

- Regula o ritmo do corpo humano (ciclo circadiano); 

- Aumenta o foco e produtividade com luzes frias e dirigidas;

- Favorece o relaxamento e o bem-estar com luzes quentes e difusas; 

- Reduz fadiga visual, dores de cabeça e estresse; 

- Valoriza revestimentos, texturas e materiais nobres; 

- Da vida aos detalhes arquitetônicos, como rasgos de luz e sancas iluminadas. 


Pouca gente percebe, mas a luz que nos cerca é quem comanda grande parte das nossas funções biológicas. Isso acontece porque o cérebro regula o chamado ciclo circadiano. 


O que é o ciclo circadiano? 

 

O ciclo circadiano é o nosso relógio interno de aproximadamente 24 horas, com base na luz captada pelos olhos. 

Quando estamos expostos à luz natural ou luz branca intensa pela manhã, células especializadas na retina enviam sinais diretos ao núcleo supraquiasmático, uma região do hipotálamo responsável por sincronizar hormônios, temperatura corporal, digestão e até o nível de alerta do corpo. 

Explicando de maneira mais fácil: a Luz pela manhã inibe a produção de melatonina (hormônio do sono) e estimula o cortisol, aumentando foco e disposição. Na medida que o dia escurece, a exposição à luz quente e mais suave sinaliza que é hora de desacelerar. Isso ativa a produção de melatonina, reduz a frequência cardíaca e prepara o corpo para descansar. 


A escolha entre luz branca (fria) e luz amarela (quente) é fundamental em um projeto de iluminação, pois cada uma possui características e aplicações distintas, influenciando a percepção do ambiente e o bem-estar das pessoas. A temperatura de cor é medida em Kelvin (K), onde valores mais baixos indicam luzes mais quentes (amareladas) e valores mais altos indicam luzes mais frias (azuladas). 

Temperatura de cor: a linguagem da luz 

Como o corpo responde à luz ao longo do dia 

Nosso corpo muda em ciclos. A luz é o gatilho.

Esses horários revelam mais do que um ciclo: mostram como a arquitetura pode trabalhar a favor do seu corpo, criando conforto em casa momento do dia.
Esses horários revelam mais do que um ciclo: mostram como a arquitetura pode trabalhar a favor do seu corpo, criando conforto em casa momento do dia.


"Mas então, eu preciso de uma iluminação diferente para cada hora do dia? Como faço isso funcionar, se uso o mesmo ambiente para mais de uma atividade?"

 Não é preciso trocar a iluminação o tempo todo. Com boas escolhas de temperatura, intensidade e posicionamento é possível adaptar os ambientes para acompanhar seu dia com mais conforto e bem-estar.  Aplicações Práticas: Onde usar cada tipo de iluminação

Luz Branca (Fria) 

A luz branca, com temperaturas de cor acima de 5000K, é caracterizada por sua tonalidade mais azulada. É ideal para ambientes que exigem atenção, foco e clareza visual.  

Lembrando que utilizamos em conta a iluminação natural normalmente pela manhã até a tarde 16h. (6.500k a 5.000k)  

Seus principais usos incluem: 

Ambientes de Trabalho e Estudo: Escritórios, cozinhas, laboratórios e áreas de estudo se beneficiam da luz branca por promover a concentração e reduzir a fadiga visual durante tarefas que exigem precisão. 

Áreas de Serviço: Lavanderias, banheiros e garagens, onde a funcionalidade é primordial, são bem servidos pela luz branca. 

Iluminação de Destaque: Em alguns casos, a luz branca pode ser usada para realçar objetos ou áreas específicas, proporcionando um contraste nítido.  


Muita gente acha que a luz branca é sempre mais forte. Mas essa sensação vem da cor, não da intensidade. Aqui, falamos de temperatura, porque ela afeta como o seu corpo e seus sentidos reagem ao espaço. (Falaremos sobre intensidade em um próximo post.) Quando unimos temperatura de cor e intensidade correta, entendemos como transformar uma casa em lar: mais aconchegante, funcional e que realmente cuida da sua saúde. 


Luz Amarela (Quente) 

A luz amarela, com temperaturas de cor abaixo de 3000K, remete à luz do sol no final da tarde ou à luz de velas, criando uma atmosfera acolhedora e relaxante. É indicada para: 

• Ambientes de Convivência e Descanso: Salas de estar, quartos, salas de jantar e áreas de lazer são ideais para a luz amarela, pois ela promove o relaxamento, o conforto e a sensação de aconchego. 

• Espaços Residenciais: Em casas, a luz amarela é frequentemente utilizada para criar um ambiente mais convidativo e íntimo. 

• Restaurantes e Hotéis: Nesses locais, a luz amarela contribui para uma experiência mais agradável e relaxante para os clientes.  


Tons Intermediários (Luz Neutra) 

Existem também as luzes neutras, com temperaturas de cor entre 3000K e 5000K. Elas oferecem um equilíbrio entre a estimulação da luz branca e o aconchego da luz amarela, sendo versáteis para diversos ambientes, como corredores, lojas e áreas de passagem que não exigem um foco tão intenso ou um relaxamento profundo.


Iluminação Técnica vs. Decorativa


Dividimos a iluminação geral dos nossos projetos em: Iluminação técnica e Iluminação decorativa. A iluminação técnica é a iluminação essencial do seu projeto, iluminação para funções de trabalho, intencional. A iluminação decorativa não é somente aquela que decora, com intenção fazemos da iluminação o papel arquitetônico, assim podemos dar vida e aplicar as estratégias certas.   


Um exemplo na prática: Cozinha: a iluminação técnica tem o papel de iluminar e garantir eficiência, garantindo facilidade e segurança na elaboração de tarefas diárias, vai ser aquela iluminação que irá iluminar a sua bancada, com um IRC adequado. O Índice de reprodução de cor (IRC) é medida que indica a capacidade de uma fonte de luz em reproduzir as cores de um objeto de forma precisa, comparado à luz do dia.

 

Na prática: a luz certa revela com precisão a cor dos alimentos, o que não só valoriza a estética da cozinha, mas também ajuda na escolha e preparo com mais segurança. 

Teremos um post falando sobre o IRC, como aplicar em penteadeiras, garantindo maquiagens fiéis ao tom real, como outros exemplos.  


Nossa iluminação técnica é composta com a luz branca ou neutra (entre 4000k e 6500k) que ativam regiões do cérebro associados à concentração e ao estado de alerta. Essa luz estimula a produção do cortisol, o hormônio da vigília e bloqueia temporariamente a melatonina, mantendo você em um estado ativo. Por isso costumamos usar esse tipo de luz de forma precisa especialmente em home offices, estações de trabalho em cozinhas e áreas de leitura ou organização.  


Mas atenção: a iluminação errada pode afetar muito mais do que você imagina da sua produtividade à sua saúde mental. 


 A iluminação inadequada, seja por excesso ou falta de luz, ou pela escolha errada da temperatura de cor, pode acarretar diversos problemas para a saúde e o bem-estar, tanto no ambiente de trabalho quanto em casa. 


Quando a luz pode prejudicar a saúde 


No Ambiente de Trabalho 

Em escritórios e outros locais de trabalho, a má iluminação pode levar a: 


• Problemas Visuais: Fadiga ocular, dores de cabeça, visão embaçada e ressecamento dos olhos são comuns. A longo prazo, pode agravar problemas de visão existentes ou causar novos.  


Locais de trabalho que dependem da visão e da precisão, como Nails designers, consultórios, ateliês e escritórios, merecem atenção total à iluminação. Afinal, passamos grande parte da vida nesses ambientes e o reflexo de luz nas telas ou sombras mal direcionadas pode prejudicar a saúde ocular, gerar desconforto e afetar o desempenho.  


• Queda de Produtividade: A dificuldade em enxergar claramente e o desconforto visual resultam em menor concentração, erros frequentes e diminuição da eficiência nas tarefas. 


• Acidentes de Trabalho: Ambientes mal iluminados, com sombras e ofuscamentos, aumentam o risco de quedas e outros acidentes, especialmente em locais que exigem atenção a detalhes ou movimentação de equipamentos. 


Distúrbios Emocionais: A exposição prolongada a uma iluminação inadequada, especialmente a falta de luz natural ou a predominância de luz fria em excesso, pode afetar o humor, contribuindo para o estresse, ansiedade e até mesmo depressão, devido à desregulação da produção de melatonina. 


 Quando estamos expostos à luz branca à noite, nosso corpo entende que ainda é dia. Isso inibe a melatonina e pode desencadear insônia crônica um impacto invisível, mas muito real. 


Dores Musculares e Posturais: A tentativa de compensar a má iluminação pode levar a posturas inadequadas, resultando em dores no pescoço, ombros e costas. 

 

Em Casa 

No ambiente doméstico, a iluminação incorreta também pode ter impactos negativos: 


Desconforto e Falta de Aconchego: A utilização de luzes muito frias em ambientes de descanso, como quartos e salas de estar, pode tornar o espaço impessoal e pouco convidativo, dificultando o relaxamento.

 

• Interferência no Sono: A exposição à luz azul (presente em maior quantidade na luz branca) antes de dormir pode inibir a produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono e o ciclo circadiano. 


• Fadiga Visual: Ler ou realizar atividades que exigem foco sob iluminação insuficiente ou excessiva pode causar fadiga ocular e dores de cabeça. 


• Ambientes Funcionalmente Inadequados: A falta de iluminação adequada em áreas como cozinhas ou banheiros pode dificultar a realização de tarefas diárias e comprometer a segurança. 


• Impacto na Saúde Mental: Assim como no trabalho, a iluminação inadequada em casa pode influenciar negativamente o humor e o bem-estar geral, especialmente em pessoas mais sensíveis à luz ou que passam muito tempo em ambientes internos. 


A luz certa faz mais do que iluminar, ela regula seu corpo, seu humor e sua rotina.  

Na DUO, projetamos com intenção.



Você viu como a luz afeta sua saúde e seu bem-estar. Mas ela também transforma o que você vê.  

No próximo post, vamos explorar como a iluminação valoriza revestimentos, texturas, materiais nobres e revela a verdadeira beleza da arquitetura. 



Este artigo foi desenvolvido com base em estudos científicos reconhecidos internacionalmente. Veja abaixo as fontes que embasam nosso conteúdo.

Referências bibliográficas

National Institute of General Medical Sciences (NIGMS).Ciclo Circadiano: Como o corpo regula o sono, a digestão, a temperatura e o humor.https://www.nigms.nih.gov/education/fact-sheets/Pages/circadian-rhythms.aspx

Harvard Medical School.Blue light has a dark side.https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/blue-light-has-a-dark-side

Science Advances.Circadian photoreception: Aging and the eye’s response to light.DOI: 10.1126/sciadv.aaz5077

Chronobiology International.Revista científica especializada em ritmos biológicos e efeitos da luz artificial.https://www.tandfonline.com/toc/icbi20/current

Lighting Research Center (LRC – RPI).Pesquisas sobre os efeitos da luz na saúde humana e regulação do ritmo circadiano.https://www.lrc.rpi.edu/

Illuminating Engineering Society (IES).Padrões sobre iluminação centrada no ser humano.https://www.ies.org/

Philips / Signify.Human Centric Lighting Research.https://www.signify.com/global/lighting-academy/browser/education-programs/human-centric-lighting

Lighting Europe.Guidelines for Human Centric Lighting.https://www.lightingeurope.org/

World Green Building Council.Health, Wellbeing and Productivity in Offices.https://www.worldgbc.org/news-media/health-wellbeing-and-productivity-offices-next-chapter-green-building



 
 
 

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